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terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Back to Kenya - parte II

Os primeiros dias em Iten. 

Para uma correta adaptação à altitude, iniciámos o nosso estágio fazendo umas caminhadas pela localidade. Sábado de manhã fui mostrar ao Samuel as duas pistas de atletismo. Decidi irmos primeiro até à de tartan, pois ficava mais longe e só depois à mítica pista de terra batida de Kamariny, onde fiz grande parte dos treinos específicos há 3 anos atrás. Infelizmente, a pista está interdita, e digo isto desta forma, pois é como se este local fosse um santuário do atletismo e os treinos ali tinham sempre um sentimento diferente. Foi nesta pista de terra batida, inserida na natureza, que treinaram muitos dos medalhados olímpicos e o ambiente que lá se vivia era único. Neste momento encontra-se em obras para erguer um estádio. Se vão alterar espero que seja para criar melhores condições para todos os atletas que diariamente treinam ali.  
No mesmo Sábado, mas de tarde, fomos até ao centro de Iten, onde nos deparamos com uma feira onde se vendia de tudo - fruta, roupa, sapatos, etc. Tudo espalhado pelo chão, pessoas aos gritos e a querer vender-nos o que tivessem. Uma realidade muito diferente da que estou habituado, com muita pobreza à mistura.  

     Reencontrei aqui no centro um grupo de atletas de Inglaterra com quem estive há 3 anos, altura em que treinei com ingleses e fiz grandes amizades. Combinámos o treino para o dia seguinte, pois os polacos ainda não tinham chegado, e assim tínhamos companhia a ritmos reduzidos. 
Entretanto chegou o grupo do Lewandowski, um grupo brutal. Refiro-me ao grupo sendo de polacos, mas na verdade são só uns cinco, pois temos atletas do Luxemburgo, dos países nórdicos, um neozelandês e nós, claro, dois tugas prontos a mostrar a nossa raça! 
    Durante esta primeira semana posso dizer que tivemos duas fases, uma inicial de adaptação e a mais recente, com muitos quilómetros. Apesar dos ritmos não serem elevados, creio que nunca tinha feito tantos kms numa semana - à volta de 150km! Aqui o terreno não é nada fácil, muito "sobe e desce", as estradas de terra batida por vezes muito irregulares, tudo a juntar-se ao efeito da altitude. Mais fortes estamos de certeza!

     No final desta semana, fizemos um teste na pista com o tradicional treino intervalado português das 10x400m com um minuto de recuperação, desta vez só nós os dois, pois o nosso treinador, Pedro Rocha, queria perceber e controlar a nossa forma. Fizemos o treino isolados do grupo. Pensava eu que seria fácil e dizia para o Samuel: "epah, menos 4 a 5 segundos do que estamos habituados em Portugal, não vai ser muito difícil, até porque já temos feito vários estágios em altitude". Mal concluímos a primeira repetição, não conseguia controlar a respiração, ofegava e a partir daí foi sempre cada vez mais difícil controlar, as pernas pesavam... mas tínhamos de acabar fortes. Conseguimos realizar o treino para os tempos pedidos e acabámos a última série 3 segundos mais rápido! Boas indicações, o que nos deixa muito satisfeitos, pois há sempre vários riscos quando se vem para altitude e é importante fazer tudo direitinho para não comprometer o estágio.

    Encontrámos aqui um português, Miguel Silva, que trabalha na Suíça e está noutro centro de Iten. Mais aventureiro que nós, tem treinado com os quenianos várias vezes e depois conta-nos a sua experiência. Como runner, aproveita para ter uma experiência totalmente queniana, já nós não nos podemos aventurar muito, seguimos o nosso plano de maneira a não entrar em Overtraining. O Miguel Silva apresentou-nos um massagista queniano, Isaac Kosgei, este habituado a viajar pela Europa como atleta e também já como massagista. Deu-nos uma massagem espectacular durante uma hora por 1000shilings, o equivalente a 7€. 
    Fomos tentar ver um corta-mato que realizaram no centro de Iten, junto ao mercado, nuns campos de futebol, que era suposto começar às 9h. Um colega nosso ia correr mas já eram 9h40 e tinham acabado de dar a partida das juniores femininas - mesmo atrasando o treino para as 10h não foi possível ver as provas, tínhamos de ir treinar. Os atrasos não são só em Portugal... 
    Está a ser um início de estágio bastante interessante e com boas perspectivas para o futuro. 

  Se estás a gostar desta aventura, também podes participar nela, mesmo à distância! Aproveita para comentar/perguntar algo que gostasses de saber no próximo resumo! 

Um abraço desde Iten.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Back to Kenya!

Tudo começou em Abril, quando estavamos em Flagstaff, EUA, num estágio em altitude. 
Não conhecíamos os percursos e a melhor maneira de saber onde correr seria entrar em contacto com um grupo de atletas polacos que conhecia bem o local. Criámos amizade com aquele grupo, ao qual pertence Marcin Lewandowski, várias vezes campeão europeu, mas estavam de saída e só tivemos oportunidade de estar com eles 3 dias. Com isto, o meu treinador Pedro Rocha, entrou em contacto com o treinador e irmão do Marcin,  Tomasz Lewandowski, para saber qual o plano anual de estágios e se podíamos integrar o seu grupo de treino.

    Assim, e seguindo este grupo polaco, decidimos vir até ao Kenya, o local perfeito para um estágio em altitude durante a época de inverno, onde poderíamos treinar em conjunto. 

    Tudo combinado e viagem marcada para o dia 3 de Janeiro, dia do meu 26º aniversário. Equipamentos, suplementação, malas, treino até casa dos pais para cantar os parabéns, seguidos de uma despedida e o dia passou "a correr". Encontrei-me com o Samuel Barata no aeroporto de Lisboa ao final da tarde (o Hugo Rocha que era suposto vir também, lesionou-se recentemente, e por isso ficou em Portugal), apanhámos o avião com destino a Eldoret, com escalas no Dubai e Nairobi. 
    Chegados a Eldoret, tínhamos um queniano à nossa espera para nos levar até Iten (local onde fica o centro de estágio), guardámos a bagagem e levámos mais uma hora de viagem até ao centro de treino em altitude (HATC).

    Primeira situação caricata: o motorista encosta a meio da viagem, já de noite, junto a um carro parado, sai do carro e quando volta diz que o outro não tinha gasolina. O condutor do nosso carro quis ajudar e fomos até a umas bombas buscar combustível para o ajudar. Perguntámos se era amigo do motorista, ao que ele responde: "não conheço, mas vi que ele precisava de ajuda." 

    Aqui, ainda têm o cuidado de parar para ajudar o próximo... faz lembrar aquelas pequenas aldeias do interior do nosso país, mas numa escala muito maior. Dá que pensar... 
    Ao final de 25 horas de viagem, lá chegámos ao destino final, jantámos e só queríamos ir dormir, afinal de contas vamos ter um mês em grande, com experiências novas e muito treino. 
     Passados 3 anos volto a um dos melhores sítios para treinar do mundo, desta vez acompanhado pelo meu amigo Samuel Barata! Será, sem dúvida, uma aventura diferente daquela que tive em 2015. Fiquem atentos! 
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